domingo, 31 de outubro de 2010

Três escolhas...




Philippa Gregory- A herança de Bolena- Civilização editora




O que mais chama a atenção no livro é o nome da autora que se encontra na parte inferior destacado. As letras estão em relevo. O título encontra-se na parte superior em itálico. A letra, possivelmente Blackadder ITC, serve para dar um aspecto antigo ao título. Acima do título econtra-se a frase do editor “(…) Um bestseller internacional(…)”, isto para enfatizar a popularidade da autora e a qualidade do livro para cativar o leitor. Do lado esquerdo da capa encontra-se uma imagem de uma dama antiga num vestido amarelo. O promenor do vestido, que não é visível em fotografia, é o facto de este ter pequenos brilhantes, em tom amarelo mais escuro, na parte central e nos punhos do vestido, fazendo com que, quando se inclina o livro de um lado para o outro, estes brilhem chamando a atenção. Na parte inferior do livro vem o nome da editora- Civilização- que é consagrada pois é uma editora muito antiga.
Quanto á contracapa do livro, esta tem uma sinopse da história que captiva e esclarece do que se trata. Tem também três comentários de jornais internacionais sobre a autora e a obra.






Wilbur Smith – River God- Pan Macmillian

A capa é ocupada em grande parte pelo nome do autor que se encontra muito destacado. Mais uma vez é um tipo de livro que vende devido ao nome do autor.
No centro da capa encontra-se uma imagem egípcia com hieroglíficos. Na parte inferior encontra-se o título River God, que, juntamente com a imagem dá ao leitor uma ideia do tema que este livro irá tratar.
A contracapa contém uma sinopse e comentários de jornais internacionais sobre a obra. A sigla da editora encontra-se na lombar do livro e na contracapa vem o nome do website desta.
Esta editora optou por não aparecer na capa.








Nancy Goldstone- As quatro Rainhas- Bertrand Editora


Destacado na capa vem o título do livro. Nos quatro cantos da capa encontram-se imagens do rosto das quatro rainhas tratadas na obra. O editor colocou acima do título uma frase apelativa para a compra deste “(…) O retrato fascinante de uma família mediaval (…)”. No fim do livro vem a sigla e o nome da editora- Bertrand. Editora é conhecida do público em geral e remete logo para o preço que a obra vai custar.
A contracapa tem uma sinopse da obra e tem o tipo de obra que se trata- Biografia Histórica. Toda a capa, e também contracapa, é de cor preta no centro e nos cantos contém imagens. No caso da contracapa as imagens nos cantos laterais são de jóias.


Capa e Contracapa


Este livro capta desde logo a atenção pelo nome do autor, por isso, este encontra-se destacado na capa. Associado ao nome do autor vem a imagem deste. O retrato de Shakespeare faz com que o nome e a imagem estejam interligados fazendo com que o leitor associe os dois em simultâneo. Quandoo leitor pensar em Shakespeare esta imagem irá surgir-lhe no pensamento. Logo acima do nome vem a frase que completa o título : ` The complete works of..`, ou seja , este livro contém toda a obra de William Shakespeare.
Por baixo da imagem vem a editora `Wordsworth Library Collection`; esta editora é conhecida por vender grandes clássicos a um preço muito acessível. Esta coleccão, Library Collection, incluí grandes clássicos da literatura como Jane Austen ou as irmãs Brönte. É de destacar que todos os livros desta colecção são de capa dura.
Por fim, toda a capa é verde escura contrastando com as letras douradas, que possivelmente, são do tipo Blackadder ITC. A contracapa é lisa não contendo qualquer texto.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Uma aposta ousada e inteligente


Esta edição feita pela Quetzal é um dos casos peculiares que tenho cá por casa. Peculiar, porquê? Perguntam vocês... Essencialmente pela capa elaborada. 
Antes de observarmos a contracapa e lermos o que nela figura, o que salta de imediato à vista é o título e a ilustração de alguns pormenores de As tentações de Santo Antão, pintadas por Hieronymus Bosch, que se encontram no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.
Ao olharmos para uma capa com este grafismo, somos imediatamente levados a pensar que estamos perante um livro que retrate ou fale sobre algum tema relacionado com estas ilustrações; mais não seja, passadas na época a que pertencem tais imagens. No entanto, não há qualquer ligação directa a elas, porque na contracapa dá-se uma ideia da história que contém o livro e vemos que ela é passada no século XX, na cidade de Lisboa. 
Só percebemos a ligação estranha da capa com a história, quando nos deparamos com termos como «alucinação» e «sonho», utilizados para explicarem a natureza desta narrativa.
A contracapa tem ainda outro pormenor curioso, que não tem nada a ver com o autor ou a história do livro. Trata-se da explicação e origem do nome da editora, Quetzal, dizendo que esta é uma «ave trepadora da América do Sul, que morre quando privada de liberdade.» É um pormenor interessante, porque abre uma possibilidade infinita de interpretações para quem repare nele.

Este é, portanto, na minha humilde opinião, um exemplo bastante bom de capa e contracapa, que não se deixa cair no óbvio e no banal, conduzindo o leitor numa procura de significado para a estranheza imediata que elas podem causar. Não só obriga o leitor a não julgar o conteúdo do livro pela capa - coisa que é deveras frequente - como também a resistir ao impulso de o pôr de lado pelo carácter pouco atractivo que ela lhe pode suscitar.

Do sumário

- a tensão com a Lorraine;
- "se não sabe porque é que pergunta" (o programa de que falou seria 'O homem do tempo', de João Sousa Monteiro, que deu livro?);
- a tensão com a Carla;
- a exposição de um trabalho que Tedibera desenvolve com António Jorge Gonçalves;
- a exposição de outro trabalho que Tedibera desenvolve (colecção de autores luso-americanos; esqueci-me do nome do gráfico);
- a guerra dos sexos (um homem duvida de si mesmo se após 99 elogios de mulheres a centésima o criticar; a mulher acredita em si mesma se, após 99 deselogios, um centésimo a elogiar - acredita nela ou no centésimo homem?);
- é mais civilizado o emissor assumir, por defeito, a ineficácia da comunicação, em vez de a reputar ao receptor;
- subtilezas da edição: um autor optar por contrariar a opção de uma publicação quanto ao acordo ortográfico;
- "servir a vários senhores": um editor tem de pensar no patrão, no comprador, no leitor, no autor, no livreiro, no vendedor, etc.;
- um editor é comunicação "a 100%" (há quem defenda que o é a 90% ou a 99%);
- um editor é plenipotenciário ('quasipleno' - há o patrão) na dialéctica da decisão com os especialistas de cada área (gráficos, por exemplo);
- a conversa com Katherine Vaz e Frank Gaspar, hoje, às 18h00, na FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento - os mal-intencionados, como eu, pelos vistos, dizem que é um trampolim para um lugar nos governos PSD, e consta que vem aí um);
- a "roda dos livros" (os que são entregues para circularem entre mestrandos);
- ser professor universitário é uma das melhores profissões do mercado.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sumário aula 5 - 25/10/10

Alguém pode fazer o sumário da aula de hoje?

Tanto quanto percebi, ou pude perceber, algumas ideias básicas: como comentar/avaliar uma capa, o que diz a contracapa. Comentário e apresentação de alguns TPC (escolha e comente uma capa) e um novo TPC: faça uma contracapa (pode ser de um livro imaginário.

Estou a esquecer-me de quê?

Cana Q - Hugo Gonçalves, Patrícia Muller & o Digi & tal

Algum diálogo onde se tenta pôr alguma ordem na desordem. Sem grande sucesso, obviamente.
KAFKA, Franz. A Metamorfose. Edições Quasi.

Já tinha lido esta obra noutra edição, mas ao fazer uma pesquisa na biblioteca deparei-me com a descrição desta, que me chamou a atenção por conter ilustrações de Paula Rego. Quando requisitei o livro, reli-o e realmente, o modo como o texto e as imagens da pintora atrás referida são expostos despertaram-me uma leitura interessante da obra... Um dos aspectos que achei bem conseguidos foi o facto de a personagem ser desenhada como humana. A imagem da capa é uma das quatro que a obra contém.

Comentário à capa e contracapa de um livro

Todos os Contos 1 é o primeiro volume de uma compilação de todos os contos de Edgar Allan Poe, sendo completado com um segundo volume cuja capa difere desta e não é tão apelativa na minha opinião. Assim sendo, decidi analisar a capa do volume aqui apresentado, uma vez que cativou o meu olhar na livraria, não só pela sua dimensão, mas também pelas cores que conjugam muito bem com a temática do livro. O preto que constitui o tom de fundo da capa permite que o nosso olhar se debruçe sobre a cor vermelho sangue das borboletas desenhadas, borboletas estas que aparentam ser nocturnas ou apenas traças. Ambos os casos permitem-me fazer associação com a noite, escuridão e talvez mesmo com o crime. Estas borboletas são o que constitui a cor mais viva nesta capa, que foi, na minha opinião, muito bem conseguida com a sua inserção.

O nome do autor exposto na parte central, a branco, remete-nos para a sua importância e é exemplo de um autor cujo nome basta por si mesmo. O título, ao contrário, é de menores dimensões e não é muito original, poder-se-ia dizer que resume o que o livro traz dentro de si em poucas palavras.

Também nos é dado a conhecer na capa, tal como em muitas edições com ilustrações, quem ilustrou a obra e apresenta-nos J. Teixeira de Aguilar como seu tradutor.

Por fim, como é costume, o nome da editora “Círculo de Leitores” aparece na parte inferior e central da capa também a branco, servindo para a concretização da mesma em três cores distintas.

A imagem da contracapa é uma continuação da que encontramos na capa, mas concretiza-se apenas em duas cores - o branco e o preto. Não apresenta nenhuma fotografia, nem comentários ou opiniões... É a capa sem as letras que a constitui, permitindo uma simplicidade máxima na sua apresentação.

Contracapa

Capa

Uma recomendação

Já que se falou há tempos de livrarias viradas exclusivamente para a poesia na área de Lisboa, lembrei-me de uma que se encontra na Baixa do Porto e de quem recebo newsletters há vários anos. A livraria em questão é a Livraria Poetria, que conta com teatro e recitação. Todos os meses são feitos eventos bastante interessantes neste espaço, que ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente, mas que me deixou sempre curiosa cada vez que recebia as novidades por ela organizadas.

Deixo-vos aqui o link: http://poetriablog.wordpress.com/






WOOLF, Virgínia. Contos completos. São Paulo: Cosac Naify editores.




Esse livro faz parte da coleção Mulheres modernistas que a editora brasileira Cosac Naify criou. Como integrantes da coleção há Marguerite Duras, Gertrude Stein, Virgínia Woolf, dentre outras.




A Cosac Naify é uma editora nova no Brasil e tem como cartão de visita a preocupação com o projeto gráfico dos livros, que tende sempre ao arrojado e ao elegante. Além de investir muito na tradução, convidando sempre os maiores especialistas da obra para executarem-na e para selecionarem os paratextos que irão compor o livro, sempre textos de referência e importantíssimos para o enriquecimento da leitura da obra e da sua fortuna crítica.




O projeto dessa capa me atrai muito pela elegância que expressa, remetendo um pouco à época vitoriana em que Virgínia Woolf viveu e escreveu, mas ao mesmo tempo há um toque moderno, como uma recriação, repaginação do conservadorismo e do requinte vitoriano. Outras coisas que me agadam muito é a coerência da capa com o nome da coleção e a identidade criada para a coleção a partir da capa. Considerando o nome Mulheres modernistas, o autor ganha um espaço maior no projeto gráfico, sem deixar o título do livro longe do campo de visão daquele que se depara com o livro. Ademais, considerando a coleção como um todo, as capas expressam um todo também moderno e feminino.




AKHMATOVA, Anna. Antologia poética. Porto Alegre: Lpm Pocket.


Esse livro foi publicado por uma editora especialista em livros de bolsos, daí a menores dimensões de sua capa. Eu considero essa capa um um projeto simples e interessante na medida em que ela exerce muito bem a sua função de apresentação. Em primeiro momento nos salta aos olhos a apresentação da própria autora. Em se tratando de Anna Akhmátova isso é muito importante já que no Brasil só tinha publicado sobre ela poucos poema numa antologia de poesia russa traduzida pelos irmãos Campos (Poesia russa moderna) , que conta com uma edição que possui uma pequena biografia da autora antes dos seus poemas. Outro ponto que merece destaque é o tipo utilizado para a representação do nome da autora, assemelhando-se ao alfabeto cirílico e aos tipos utilizados nos cartazes da publicidade russa nas primeiras décadas do século vinte.

Por fim, o título do livro mantém uma certa delicadeza e melancolia que a foto sugere, um cuidado como se estivesse escrito à mão. Considero ainda que é um prenúncio também da própria poesia da autora russa, delicada, mas forte e melancólica.

BRINGHURST, Robert. Elementos do estilo tipográfico. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
Essa capa também ganha pela simplicidade e precisão. A escolha da cor é muito apropriada, por ser chamativa, ressaltar a arte impressa.
Além disso, por ser tratar de um livro que apresenta os paradigmas da tipografia, a arte apresentada é muito pertinente, apresentando ao leitor o tema do livro.









Entrada segunda.

Um pouco de surrealismo?
Eis a minha última capa analisada à lupa.
Se uma capa demora sete segundos a captar a nossa atenção, a capa que vou comentar demorou muito menos, peco só por colocar uma, porque poderia colocar todas, mas não vou ocupar o palco por muito mais tempo.

Kafka à Beira Mar, por Haruki Murakami, Casa das Letras


Vou dar aos leitores do blogue um tempo para verem, ou observarem a capa.
Agora eu, posso dizer que esta é uma perfeita combinação de história e capa, dois mundos diferentes a coexistirem em perfeita harmonia.
Posso já estar influenciado, mas para mim, Murakami é sinónimo de qualidade, as suas histórias são de uma surrealidade rotineira que nos transportam para um outro mundo que poderia bem ser o nosso. Não estamos aqui para falar da história.
A Casa das Letras consegue juntar o surrealismo simples do enredo a uma capa simples e bastante directa, isto é, as capas são quase despidas de elementos ou cores, o fundo branco cobre a capa e apenas isso. Depois podemos encontrar nas capas um elemento diferente consoante o tema da história, neste caso um gato. Mas também podia ser um carneiro, ou vinis, só para citar alguns. Este elemento na sua maioria, até porque não li todos os seus livros, é o objecto principal da obra. Pode até ser considerado de spoiler e estragar o livro ao leitor. E então?
O nome do autor estrategicamente colocado ao topo da capa em duas tonalidades e depois o título diferenciando-se dos elementos da capa, mas nunca se destoando. Normalmente a um vermelho chamativo. Por fim, as críticas, mais que merecidas.

Estas edições contém duas bandanas, a primeira resumindo a história e confundindo o leitor, atraindo-o para o mistério. A segunda conta a vida do autor.

A contra-capa é ocupada pela foto do autor que nos olhos com aqueles olhos de japonês, como quem diz, não estamos perante uma história normal e como se narrasse o seu próprio livro, entrega-nos uma pequena citação. Pronto, estamos presos.

Espero ter sido sucinto e que tenham compreendido a minha análise.

Entrada primeira.

Antes tarde que nunca, eis a minha primeira contribuição com esta análise de capas de livros que me conquistaram ao primeiro olhar.

1º Se Acordar Antes de Morrer, por João Barreiros, 1001 Mundos


Se a Ficção Científica é o meu nicho predilecto, nada do nosso Portugal tinha lido até então, talvez por ignorância, minha, ou pobre exposição, deles.
Geralmente não compro livros em Portugal dado o seu preço, mas após duas visitas à Feira do Livro em Lisboa, não podia ficar indiferente a esta capa.
A capa é meramente uma ilustração aleatória de um dos contos que o livro contém, mas foi precisamente essa selecção quase-aleatória da capa que me atraiu. Dentro da FC, o meu guilty pleasure são os mortos-vivos, ou zombies e após ter visto esta capa, pensei estar presente a um livro dessa temática, não só a capa me enganou, como me vendeu um livro de FC de um dos melhores e poucos escritores de FC em Portugal. O título do conto dá o título ao livro com uma tipografia algo "decadente" adequando-se à imagem, à temática e ao conto em si.

2º The Hobbit, por JRR Tolkien, Harper Collins

The Hobbit, O Hobbit de J.R.R.Tolkien. Poupo-vos as apresentações.
Existem imensas reedições, capas e contracapas, melhores, piores e diferentes, mas esta capa é especial por uma simples razão. Para além de estar a celebrar os 70 anos (em 2007) do lançamento deste livro, é uma capa que emula a primeira capa de sempre utilizando as ilustrações do próprio Tolkien. Primitivas, simples, arte. Enchem a capa toda, não são intrusivas e servem como mapa para a obra se abrirem o livro como está nesta entrada.
A capa é ao mesmo tempo uma outra história. Se o leram, óptimo, se não o leram, podem começar já.

3º O Ladrão dos Sonhos, por Stephen Lawhead, Bertrand Editora

Nota-se aqui um padrão? Stephen Lawhead escreve de vários temas, nomeadamente romances históricos, portanto este livro foi algo estranho tanto para si, como para o público.
Analisando somente a capa, esta é em si uma mensagem subliminar, induzindo pequenas incertezas sobre o que se trata o livro, não podiamos estar mais enganados. Os elementos da ilustração enchem a capa, temos uma planície, temos astros e quase transparente - cobrindo o cenário - temos a cabeça de uma entidade a ofuscar tudo; a história.
O posicionamento estratégico do título e do nome do autor não atropela nenhum destes elementos.

4º Sense and Sensibility, por Jane Austen, Woodsworth Classics

Eis um pouco de literatura familiar para os demais na turma, Sensibilidade e Bom Senso da nossa Jane Austen.
Podia até mencionar qualquer outro livro da mesma editora, Woodsworth Classics, pois os seus clássicos são acompanhados com excelentes capas, mais que grandes peças literárias, somos acompanhados por grandes peças artísticas que passariam bem por quadros em algum museu.

domingo, 24 de outubro de 2010

três capas que me agradam

João Cancela

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Comungo da opinião do António em relação à qualidade gráfica de parte do catálogo da Quetzal. Destaco este exemplo, em que a nuvem de cinzas (hoje faria parar o tráfego aéreo) ocupa os dois terços superiores da composição.

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Que razão poderia levar a Assírio e Alvim a publicar um livro com uma capa de um vermelho à Sport Lisboa e Benfica na qual figuram uma ilustração que se estende até ao limite e, cereja no topo do bolo, uma tipografia destas? Uma homenagem à escrita policial de Dinis Machado, aliás, Dennis McShade.

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O modo como esta ilustração nos embrenha no movimento da acção é magistral. Confrontados com um acontecimento in media res damos por nós a especular sobre o desenlace desta cena.

uma capa e uma contracapa, então

João Cancela

Não analiso estas capa e contracapa totalmente às cegas quanto ao recheio que elas embrulham, porque li o livro e até o recomendo. Ainda assim, não estava ciente da sua existência (ou da do seu autor) até o ter topado numa livraria. E desencadeou-se um processo que me fez querer segurá-lo durante mais do que os tais sete segundos.


Esta capa consegue prender a atenção – pelo menos a minha. É totalmente preenchida por uma ilustração em tons que variam predominantemente entre o amarelo baço e o castanho; notas de verde e vermelho evitam que se torne monótona. Um único plano de imagem: um homem de feições ocidentais agarrando um índio que, aparentemente, deve ser poderoso - alguém o transporta em ombros e está pejado de ornamentos, incluindo uma pele de leopardo. O momento capturado tem uma certa carga dramática.

Estando os dois terços superiores consagrados a esta imagem, tanto o título como o autor não têm grande destaque. Primeiro, e em maiúsculas, temos o título Armas, Germes e Aço, seguido do subtítulo, Os destinos das sociedades humanas. A combinação destes dois elementos resulta um pouco estranha. O primeiro é uma enumeração de palavras pouco reconfortantes – um pouco ao jeito de “sangue, suor e lágrimas”, ou “feios, porcos e maus”. O subtítulo é um pouco pretensioso e soa a nome de livro publicado pelas Edições 70 sobre os cristais da Atlântida. O nome do autor, Jared Diamond, está escrito a minúsculas e em laranja. As discretas referências no canto inferior direito à editora (Relógio d’Água) e à colecção (Antropos) completam esta capa.


Com um fundo laranja, cor que também preenche a lombada, a contracapa é composta por um pormenor de uma imagem - provavelmente retirada da mesma pintura da capa – e por cinco blocos de texto. A editora prescinde de apresentar a obra por si própria, recorrendo a opiniões de outros. Três críticos norte-americanos (Washington Times, New Yorker e New York Review of Books) louvam o livro que temos nas nossas mãos: “a dimensão e o poder explicativo deste livro são espantosos”, “engenhoso, informativo e cativante”. Abaixo das dos críticos, as frases de um professor da Universidade de Stanford, também elas elogiosas, fornecem uma síntese – a única – da obra: “esta é uma viagem brilhante, apaixonada, arrebatadora por 13000 anos de história de todos os continentes – uma breve história sobre tudo e sobre todos. As origens dos impérios, da religião, da escrita, das colheitas, das armas estão todas aqui”. Finalmente, uma biografia em trinta palavras do autor, enfatizando a sua carreira académica.

A acção combinada dos vários aspectos que tentei descrever acima provocou-me uma mistura de renitência com curiosidade. O desempate entre estas duas deu-se através do recurso ao índice e ao prefácio do autor. Ganhou a curiosidade, acabei por comprar o livro.

O que é um livro?

Voltando à vaca fria. Há milhares de designações livres para definir livro. E se o José Jorge Letria não tivesse uma (nota: faz, ou fez, parte do plano curricular do 2º ano do 1º ciclo - 2ª classe, ou turística, se formos de comboio), o livro ainda não teria sido inventado. Um passatempo: alguém sabe de algum tema, género ou até dia sobre o qual JJL não tivesse escrito e publicado um livro? Bem, proponho que se faça não esse, mas este exercício.

Embirrações - 3 (em breve)

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Preciso de conseguir a imagem - fiquei oportunamente sem bateria na máquina.

Embirrações - 2

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2. Deste lixo pode comer-se. Está dentro das normas e directivas.


Embirrações - 1

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1. É a condição humana, estúpido. E é A Condição Humana, de André Malraux. Podia dizer que era má, mas digo apenas que me mexe com os nervos. Ainda por cima, comprei-a (a capa, além do livro). É muito ruído (a ilustração tosca, a combinação de cores, o tipo de letra do título...) e faz parecer a condição humana secundária (se calhar é, mas eu não me convenço).


Cinco capas que aprecio (positivamente) - 5

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5. Para desopilar, e para provar a mim mesmo que posso sair incólume dizendo que me apraz o trabalho topográfico em capas, fica esta. O Mundo Alucinante, de Reinaldo Arenas. Forte sem precisar de matar a palavra com imagens - que aqui se resumem a uma pequena ilustração bem conseguida.


Cinco capas que aprecio (positivamente) - 4

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4. Não recebo comissão da ASA, tampouco preciso de provar que aprecio pessoas - ou Pessoa (já nem é muito exultante para a Alta Cultura citar do Fernando António). 'Literatura ou Morte', da já referida editora (pudor em grafar o nome outra vez), foi uma série muito feliz. Reuniu escritores dos dois continentes Atlânticos em volta de autores falecidos, ou mortos, com ambientes policiais de fundo. Deu textos particularmente cativantes. Ah, a capa: minimalista, mas contrastando com cores berrantes que nunca caíram no ridículo.


Cinco capas que aprecio (positivamente) - 3

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3. Houve um tempo em que a Quetzal fazia capas que chegavam a ser melhores do que os próprios dos livros. Esta série 'Grafitti' foi dos melhores bibelots que já vi - e já vi muitos, devo acrescentar. Por vezes, a capa continha um livro ainda melhor, como é o caso de Os últimos três dias de Fernando Pessoa, de Antonio Tabucchi.


Cinco capas que aprecio (positivamente) - 2

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2. Não se negoceia uma óptima notícia: A Morte de Portugal. Mais uma vez, simplicidade gráfica.



Cinco capas que aprecio (positivamente) - 1

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1. Esta colecção (Pequenos Prazeres, da ASA) é uma delícia gráfica: o negro como um cosmos abrangente que obriga os nossos olhos a convergir para o centro do universo, onde está o que interessa (normalmente, nós - no caso, a ilustração e o nome do autor). Simples, minimalista e, para mim, terrivelmente eficaz.


Divórcio da análise do livro "Divórcio em Buda", de Sándor Márai

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Já vi relações acabar por menos: não consigo fazer um delicadíssimo 'copy-paste' do texto que deveria seguir-se às imagens.
Vai por e-mail para o professor.
Peço o divórcio (diante do conservador(a) do registo civil, ainda podemos voltar atrás - mas só se ela/ele me deixar fazer paste).

Análise de capa: “Divórcio em Buda”, de Sándor Márai

António Pedro Pereira
















quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sessão de lançamento do livro "A palavra Janela", de Alexandra Antunes


     No passado dia 20 de Outubro de 2010 teve lugar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa a sessão de lançamento do livro A palavra Janela, de Alexandra Antunes, através da Editora Ecopy.
     A sessão teve lugar na sala 76 do edifício B1 (1º piso) e estava marcada para as 19h30, tendo começado um pouco mais tarde por estar tudo dependente da turma que estava a ter aula no lugar, nessa mesma tarde.
     Quando cheguei já se encontrava muita gente à espera do acontecimento, incluindo a autora e as três pessoas que iriam apresentar e comentar o seu livro, que se trata de uma compilação de poesia. 
      Mal a sala se encontrou vazia a autora e os amigos próximos entraram para preparar o buffett que tinham trazido para o público que acabou por encher a sala, ao ponto de não haver lugar sentado para toda a gente que compareceu. 
     Passava pouco das 20h quando teve início a sessão, começando por intervir a Professora Doutora Cecília Barreira, docente da faculdade que serviu de local para o evento. A sua intervenção foi curta, servindo mais como uma apresentação dos dois convidados que se seguiram e da própria autora, que era ex-aluna da professora em questão.
     Seguiu-se a intervenção e comentário de Rui Zink, Professor Doutor da mesma casa, humorista e escritor publicado, entre outras coisas, dando um toque de boa disposição e arrancando algumas gargalhadas do público, como é costume seu.
     A intervenção de maior relevo - e também a mais longa - foi feita pelo Doutor António Carlos Cortez, professor do Colégio Moderno e Crítico Literário, que apresentou a obra de Alexandra Antunes, contextualizando-a no panorama contemporâneo da poesia portuguesa. A sua intervenção acabou com a recitação do poema que ele considerou ser a jóia de todo o livro.
     Por último, seguiram-se os agradecimentos feitos por parte da autora, que não se alargou muito nas suas palavras dado o nervosismo e timidez que sentiu durante todo o acontecimento. Após a sua modesta intervenção, o escritor e amigo de Alexandra Antunes, Rafael Dionísio, recitou outro poema  do livro, à sua escolha. Seguiu-se a sessão de autógrafos nos exemplares comprados pelo público  (pelo preço de 12€ cada um) e o convívio informal em torno da mesa recheada de comida e vinho tinto, fornecidos pela autora e o seu marido.
     Desta obra e sessão de lançamento é importante referir que todo o lucro reverteu para a União Zoófila, pois a autora é uma verdadeira activista dos direitos e bem-estar dos animais, levando uma dieta vegetariana há longos anos.
     Quanto a membros da Editora Ecopy não dei conta de estarem presentes, mas o evento contou com a participação de muitos dos professores que fizeram parte da formação académica da autora e que leccionam ainda na faculdade aqui referida, fora todos os amigos chegados, conhecidos e desconhecidos que encheram a sala.




segunda-feira, 18 de outubro de 2010

TPC

Como Tenho um Peso na Consciência por não ter feito, como solicitado, o trabalho para casa - o que é um livro? -, e como por (de)formação judaico-cristã tenho sempre TPC por fazer (simplesmente: TPC), deixo aqui um achamento sobre o que pode ser um livro. É a opinião, generosamente ilustrada, de Paulo da Costa Domingos. É melhor do que flores postiças.

Apresentação inicial

Este é o post que se impõe. Pelo menos é o post que me imponho sempre que começo uma participação num blogue: uma breve apresentação. Ou trocado por miúdos – expressão perigosa nos tempos que correm – o “quem sou” e “ao que venho” inicial.

A descrição de quem sou é fácil e resume-se a uma palavra: “outsider”. Mais habituado a números do que letras, ainda estou a dar os meus primeiros passos neste “maravilhoso mundo novo”. Pelo que não estranhem se cometer algumas “gaffes” nestes primeiros tempos. Certamente considerarei fantástico, coisas que são banais, ou utilizarei incorrectamente algumas expressões próprias da linguagem de quem habita este meio.

Para além de aprender vou tentar produzir artigos interessantes e seguir a sugestão inicial deixado pelo Exmo. Tedibera de preencher este espaço com “notícias, opiniões, ligações, ensaios, dúvidas”

E para que este post não seja uma completa inutilidade, deixo aqui uma sugestão:

Decorre na Casa Fernando Pessoa, terça-feira dia 19 de Outubro, pelas 18h30. Como vem noticiado no Publico: “O objectivo do dicionário é "auxiliar estudantes e demais estudiosos" a conhecer o universo das escritoras portuguesas, muitas vezes desconhecido para muitos (…).” e cujo o lançamento conta com “orientação” da Docente Isabel Lousada, investigadora do centro de estudos Faces de Eva, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da U.N.L..

E depois do livro

Está fresco, pela manhã. Em sintonia, um tema 'fresco' (actual, novo, recente). E depois do livro? Sempre é preferível do que discutir flores postiças.

domingo, 17 de outubro de 2010

Do plágio e suas implicações legais

Doce años después de iniciarse el proceso, ya hay decisión judicial definitiva. El caso del presunto plagio de la novela La Cruz de San Andrés, ganadora del Premio Planeta de 1994 y escrita por Camilo José Cela, acabará en juicio. La titular del Juzgado de Instrucción número 2 de Barcelona ha considerado que insisten indicios racionales para considerar que se cometió un delito contra la propiedad intelectual en la elaboración de la obra, así como otro de supuesta estafa o apropiación indebida. Como el autor está fallecido desde 2002, el único acusado en el caso es el consejero delegado del grupo editorial Planeta, José Manuel Lara Bosch, en tanto que responsable de la difusión de la novela. La juez le requiere en su auto a que preste una fianza de 533.333 euros.

Ahora el caso pasará a la Audiencia de Barcelona, que deberá fijar la fecha del juicio. La fiscalía siempre ha mantenido que no existía delito, por lo que si Lara ha acabado en el banquillo ha sido por la persistencia del hijo de la escritora María del Carmen Formoso, autora de la obra Carmen, Carmela, Carmiña (Fluorescencia), que también concurrió al premio en 1994. El hijo de Formoso, abogado de profesión, ejerce la acusación particular en el caso y durante este tiempo de investigación judicial también acusaba a Lara de injurias, calumnias, amenazas, denuncia falsa y coacciones, pero la juez ha acordado el archivo de la causa por estos supuestos delitos.

La juez ya consideró en abril de 2009 que existían indicios de delitos contra Lara en base a dos argumentos: que Formoso presentó su obra el 2 de mayo y Cela el 30 de junio, el último día de plazo, y el contenido del informe pericial elaborado por Luis Izquierdo, catedrático de Literatura española de la Universidad de Barcelona, en el que se concluye que la obra de Cela es "un supuesto de transformación, al menos parcial, de la obra original".

La editorial Planeta presentó recurso contra aquella decisión de la juez instructora, al que se adhirió la fiscalía, pero la Audiencia de Barcelona ratificó la decisión. De esa manera quedó despejado el camino judicial. En la tramitación judicial del caso ha llegado a intervenir incluso el Tribunal Constitucional, que en 2006 reabrió el asunto, que para entonces ya había sido archivado en dos ocasiones, después de que declarasen el mismo Cela y José Manuel Lara. La Audiencia de Barcelona consideró en su último pronunciamiento que la responsabilidad penal del editor se centraría en "haber presuntamente facilitado una copia de la obra inédita" a Cela "a los efectos de que la plagiara".

La juez instructora argumentó en su día que La Cruz de San Andrés "presenta tantas coincidencias y similitudes" con la obra de Formoso "que para realizar tal transformación la novela de la querellante hubo de ser necesariamente facilitada" a Cela "para que tomándola como referencia o base, hiciera lo que el perito denomina aprovechamiento artístico" de aquélla. De esa manera, añade la juez, la obra de Formoso fue "transformada" por Cela "en una obra sistemáticamente diferente, con el sello propio de su autor, que presentada al mismo certamen literario resultaría premiada".

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Programa sucinto (estaleiro em construção permanente)

Teoria da Edição
1º semestre – 2010-2011
Docente: Rui Zink (916919331/zink.rui@gmail.com)

1. Um livro é um livro?
1.1. A perspectiva do autor
1.2. A perspectiva do editor
1.3. Outras: livreiro, distribuidor, Estado, media, leitor
2. A natureza da edição
2.1. Livro, jornal, revista – o que edissão
2.2. Coerência interna – a regra do jogo
3. A casa editorial
3.1. Pequeno grande editor
3.2. Marcar a diferença, conhecer o mercado
3.3. Tradutor, revisor, designer, paginador, marqueteiro
4.3. Ciência, arte, lotaria – racionalidade e irracionalidade
4. O jogo dos papéis
4.1. O editing – prós e contras
4.2. A edição crítica
4.3. Do filho de Eça de Queirós a Gordon Lish
5. O caso da ameaça eletrônica
5.1. Do Bubble Gum ao Bubble Blog
5.2. Novos suportes, velhos importes
5.3. Um romance é igual à Enciclopédia Britânica?
5.4. Admirável mundo novo: ibuques, dibuques, amazonas
6. Da edição amadora à edição profissional
6.1. Autor morto, autor posto
6.2. O contrato do desenhador
6.3. Onde pára o livro?
6.4. Os novos marcadores: grandes grupos, escuteiros, marqueteiros
7. Estudos de caso
7.1. Companhia das Letras: sete pecados capitais
7.2. O editor de actas
7.3. [A preencher quando soubermos o quê]
Bibliografia sucinta
● BACELLAR, Laura, Escreva seu livro – Guia prático de edição e publicação, S. Paulo, Mercuryo, 2001
● BAILEY, Herbert S., The Art & Science of Book Publishing, Athens, Ohio U.P., 1990
● BARZUN, Jacques, On Writing, Editing, and Publishing, Chicago, CUP, 1986
● BLASSELLE, Bruno, Histoire du Livre, Paris, Gallimard, 1998
● CALVINO, Italo, Se numa Noite de Inverno um Viajante, Lisboa, Teorema, 2000
● DUCHESNE, A., LEGUAY, Th., Petite Fabrique de Littérature, Paris, Magnard, 1984
● ECO, Umberto, O Pêndulo de Foucault, Lisboa, Difel, 1998
● ESCARPIT, Robert, Sociologie da Littérature, Paris, P.U.F., 1986 [1958]
● FURTADO, José Afonso, Os Livros e as Leituras. Novas Ecologias da Informação, Lisboa, Livros e Leituras, 2000
FURTADO, José Afonso, A Edição de Livros e a Gestão Estratégica, Lisboa, Booktailors, 2009
● GROSS, Gerald (org.), Editors on Editing – An Inside View of What Editors Really Do, Nova Iorque, Harper & Row, 1985 [1962]
● JACKSON, Kevin, Invisible Forms, Nova Iorque, St. Martin’s Press, 2000
● LUCAS, Thierry, Le Guide de l’Auteur et du Petit Editeur, Lyon, AGEC-Juris, 1999
● MORFUACE, Pauline, Les comités de lecture, Ecrire et Éditer 3, Vitry, Publ. Du Calcre, Março 1998
● SAAL, Rollene, (The New York Public Library) Guide to Reading Groups, Nova Iorque, Crown Publ., 1995
●SCHIFFRIN, André, O Negócio dos Livros, Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2006
Outras fontes a consultar: APEL, UEP, revistas literárias, blogs sobre edição e livros na Internet
Tedi09.blogspot.com, Blogtailors…

Benvindos ao blog de Teoria da Edição 2010-2011

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