sábado, 12 de fevereiro de 2011

Proposta de exercício de tradução (a entregar até 20/2)

Stupid

It's what the kids nowadays call weed. And it drifts
like clouds from his lips. He hopes no one
comes along tonight, or calls to ask for help.
Help is what he's most short on tonight.
A storm thrashes outside. Heavy seas
with gale winds from the west. The table he sits at
is, say, two cubits long and one wide.
The darkness in the room teems with insight.
Could be he'll write an adventure novel. Or else
a children's story. A play for two female characters,
one of whom is blind. Cutthroat should be coming
into the river. One thing he'll do is learn
to tie his own flies. Maybe he should give
more money to each of his surviving
family members. The ones who already expect a little
something in the mail first of each month.
Every time they write they tell him
they're coming up short. He counts heads on his fingers
and finds they're all survivng. So what
if he'd rather be remembered in the dreams of strangers?
He raises his eyes to the skylights where rain
hammers on. After a while --
who knows how long? -- his eyes ask
that they be closed. And he closes them.
But the rain keeps hammering. Is this a cloudburst?
Should he do something? Secure the house
in some way? Uncle Bo stayed married to Aunt Ruby for 47 years. Then hanged himself.
He opens his eyes again. Nothing adds up.
It all adds up. How long will this storm go on?



Raymond Carver

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

É Portugal ninguém leva a mal - Opinião - DN

É Portugal ninguém leva a mal - Opinião - DN

Passei o dia a assistir (rádios, televisões...) à velha definição dos tolos: aponta-se a Lua e eles olham o dedo. O dia foi dedicado aos primeiros 70 portugueses que se preparavam para abandonar o Egipto. Abriram--se os noticiários com acentos épicos: que eles partiriam hoje às 10.30 locais - e estas são 08.30 de Lisboa, disse-se com exactidão, talvez para eu saber a que horas teria de começar a roer as unhas... Olhem, no Egipto há 30 mil turistas britânicos e em nenhum jornal inglês vi catapultado o seu repatriamento para primeira notícia; há 90 mil americanos e o New York Times tratou os voos de repatriação como notícia secundária; os espanhóis El País e El Mundo também foram discretos... Sabem porquê? Pelo critério da proximidade, essa lei que faz privilegiar uma notícia próxima em relação a uma longínqua. Para os ignorantes, esse critério fê-los pensar que o turista nacional é que é importante. Seria, se não houvesse o que há. Mas a magnitude dos acontecimentos egípcios é tal que os jornais sérios perceberam que é ela que porta em si a proximidade: ela pode mudar a vida do mundo, de nós todos. Por isso, nos países civilizados a irrelevância das férias encurtadas foi posta no seu lugar secundário. Mas não tenho ilusões, por cá, hoje (dia da grande manifestação cairota), vou passar o dia a ver microfones estendidos ao horror da viagem num barulhento C-130 chegado à Portela.

Ferreira Fernandes,DN 1/2/11

Comentário: a questão do essencial e do acessório é essencial em edição. Porquê? Porque a escrita e a publicação de um texto são isso mesmo: opção, escolha. E quando uma pessoa tem de optar entre uma opção e uma escolha, who you gonna call? Por isso se fala, tanto para livros como para a TV, em "critérios editoriais".