quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Notas de Teoria de Edição

Notas finais:

Ana Carina Morais - 14
Ana Paula Limão Ferreira- 16
André Pereira - 17
Armando Alves - 17
Carla Vieira - 16
Carlos Miranda - 14
Cátia Ribeiro - 16
Andreia Gonçalves - 15
Helena Angelino - 16
João Cancela - 18
Isabel Marques - 14
Marian Pithon - 15

Obviamente, estou aberto a discuti-las.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Tinta nos Nervos: BD no Museu do Comendador


É a primeira vez que a banda desenhada portuguesa entra no Museu Colecção Berardo e quando o faz é com esta dimensão: quase 600 originais de 41 artistas modernos e contemporâneos de várias gerações, lado a lado na demonstração de uma pluralidade de estilos, capacidades criativas, experiências e vivências que é, de uma forma geral, mal conhecida do público.

Tinta nos Nervos é o nome da exposição, que será inaugurada hoje ao fim da tarde e fica aberta até 27 de Março. O título, pedido emprestado a Húmus, do escritor português Raul Brandão, é assim explicitado por Pedro Vieira de Moura, comissário da exposição: "As sensações que estes trabalhos provocam, as noções que eles fazem vibrar e questionar, a verve com que se impõem face a uma atitude mais consolidada - mas não por isso mais forte - sobre a banda desenhada, fazem-nos acreditar que a tinta que nos lançarão nos nervos nos fará ficar mais alertas, abrangentes e exigentes com esta arte, tão velha e já familiar quanto nova e ainda estranha."

A mostra quer dar a conhecer o "outro lado" do fenómeno de massas que tem o seu expoente nos personagens e aventuras conhecidos de todos, de Astérix a Tintin, de Batman a Calvin e os mil e um heróis que estão de várias formas presentes no nosso quotidiano. Por outras palavras, é uma exposição de autores, acrescenta Vieira de Moura, lembrando que a banda desenhada portuguesa, "em vez das escolas, e apesar de existir uma rede de colaborações, esforços conjuntos e até mesmo famílias criativas, é fortalecida por valores plenamente individuais".

Ficam assim estabelecidos o objecto e a finalidade desta exposição - apresentar ao público que habitualmente frequenta os museus e galerias de arte "os autores que empregam a banda desenhada como um meio de expressão mais pessoal, ou uma disciplina artística aberta a experimentações várias, informadas pelos discursos contemporâneos", escreve o comissário da exposição no catálogo.

Chegar até aqui nem sequer foi difícil. Em Janeiro de 2010, Pedro Vieira de Moura apresentou o projecto a Jean-François Chougnet, director do Museu Colecção Berardo. Foi bem acolhido. A ideia foi fazendo o seu caminho e a luz verde para avançar chegou em Setembro; seguiram-se os contactos com os autores - Pedro Vieira de Moura só não conhecia pessoalmente Victor Mesquita -, a selecção dos trabalhos e, finalmente, a sua organização no espaço de exposição.

À excepção de Rafael Bordalo Pinheiro e Carlos Botelho, "dois autores históricos, experimentais na sua época", os restantes 39 artistas expostos estão vivos e caracterizam-se por "procurar elevar a banda desenhada a uma linguagem adulta e inovadora artisticamente", diz Vieira de Moura. Há autores com uma carreira comercial relevante e bom acolhimento por parte da crítica - caso de José Carlos Fernandes, António Jorge Gonçalves, Nuno Saraiva, João Fazenda, Miguel Rocha ou Victor Mesquita. Outros abordam problemáticas mais fracturantes através de uma banda desenhada de registo convencional, como Ana Cortesão ou Pedro Zamith. Noutro quadrante, que não é consensualmente aceite como banda desenhada, mas que "emprega elementos passíveis de aproximação a uma leitura ampla da banda desenhada", estão artistas como Eduardo Batarda, Isabel Baraona ou Mauro Cerqueira. E há ainda os que levam mais longe o seu labor, traduzido em outros objectos: estão nessa categoria os bonecos moldados de Zamith, as animações de Filipe Abranches, Daniel Lima, João Fazenda e Cátia Serrão, os peluches de Alexandre Baudoin a partir dos desenhos de André Lemos ou os crachás de Jucifer, refere o comissário da exposição.

À lista de autores seleccionados poderiam juntar-se outros nomes. Pedro Vieira está ciente disso e defende-se dizendo que a sua escolha não foi ditada por um critério de exclusão mas, pelo contrário, procurando incluir autores cujo trabalho "é forte, válido e vincado". De uma coisa tem a certeza: "São todos merecedores de serem conhecidos por um público mais alargado."

Tinta nos Nervos - Banda desenhada portuguesa

Museu Colecção Berardo Praça do Império, Lisboa De 10 de Janeiro a 27 de Março Domingo a sexta - das 10h às 19h Sábado - das 10h às 22h. Entrada gratuita

sábado, 8 de janeiro de 2011

Editoras de livros apanhadas pelas redes

Foi publicado no Jornal de Notícias de ontem um texto sobre a presença de várias editoras nas redes sociais, ao qual cheguei via Blogtailors. Cá vai ele:

Editoras de livros apanhadas pelas redes

As editoras portuguesas já não dispensam as redes sociais, encaradas como um veículo privilegiado para um contacto mais próximo com os leitores. Da promoção de passatempos à divulgação das novidades, a Internet tornou-se um elo de que já poucas abdicam.
Para promover o mais recente romance de José Luís Peixoto, em Setembro do ano passado, a editora Quetzal promoveu um passatempo, na página do Facebook, que possibilitava a cinco leitores a oportunidade de assistirem ao pré-lançamento exclusivo de "Livro" numa gráfica. Para isso, deveriam não só partilhar um "booktrailer" (filme promocional relacionado com a obra em questão) como demonstrar conhecer a fundo a obra do autor de "Cemitério de pianos".

O exemplo é sintomático da importância crescente que as redes sociais assumem para a generalidade das editoras nacionais, independentemente da sua dimensão.
Entre as principais vantagens dessa aposta, destaca-se a oportunidade de perceber os gostos dos leitores, pemitindo, como sublinha Margarida Ferra, responsável de comunicação da Quetzal, "adequar a mensagem ao meio". Mas não só. Afinal, as redes sociais são "uma espécie de praça pública onde se encontram outras editoras, autores, jornalistas, meios de comunicação social e uma boa parte dos nossos leitores".

"Não é marketing"

Os dois maiores grupos editoriais há muito que despertaram para o fenómeno. Presente nos "obrigatórios" Facebook e Twitter (além de contas no YouTube e Second Life), a Porto Editora acredita que se distingue da restante oferta. "Abrangemos tantas áreas editoriais e contemplamos diferentes suportes (papel e digital) que, logo à partida, a diferenciação está estabelecida", sublinha Paulo Gonçalves, responsável de comunicação do grupo, que destaca ainda a tentativa permanente de surpreender os leitores, seja através dos passatempos ou da possibilidade de aceder aos primeiros capítulos dos livros ainda antes de chegarem ao mercado.

Na Leya, quase todas as editoras do grupo estão nas redes sociais, mas o mesmo acontece com a livraria online, a Mediabooks, que procura funcionar como uma comunidade, ao manter os seguidores informados sobre as novidades, passatempos e promoções.

Atenta há muito a esta nova realidade encontra-se a Deriva, que vê nas redes sociais (mas também no YouTube ou no blogue) uma forma acessível e directa de "dar a conhecer aos nossos leitores, amigos e público leitor em geral, os nossos autores, as propostas, os projectos e os livros que editamos", explica o editor António Luís Catarino.

Na Assírio & Alvim, é "a perspectiva de genuíno intercâmbio de ideias, informações, imagens e textos", de acordo com Vasco David, que dita a presença nas redes sociais. "Não encaramos como marketing", enfatiza.

Se as editoras canalizam grande parte dos esforços promocionais para a Internet, tal não significa um desinvestimento nos meios tradicionais, garantem. "O Facebook complementa esses canais, mas não os substitui", afirma a direcção de comunicação da Leya.

Por muito acentuada que seja a aposta nas redes sociais pela generalidade do meio editorial, nem todos se renderam por enquanto à sua força. As Publicações Europa-América são disso exemplo. Embora disponha de uma página oficial na Internet há anos, a editora fundada em 1945 por Francisco Lyon de Castro não dispõe ainda de qualquer conta nas redes sociais, embora tencione aderir ao Facebook em breve. O director editorial, Francisco Pedro Lyon de Castro, acredita mesmo que a importância das redes tem sido "sobrevalorizada. Continuamos a receber diariamente centenas de cartas, telefonemas e emails".

Sérgio Almeida
publicado a 2011-01-07 às 00:15
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=1750517

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011


Lançamento do livro José Saramago nas Suas Palavras

Dia 15 de Novembro decorreu o lançamento do livro José Saramago nas Suas Palavras, que teve lugar na Biblioteca Municipal Central - Palácio Galveias, local que o escritor tinha por costume frequentar quando ainda se encontrava em Portugal.

Tive conhecimento deste lançamento a partir de um e-mail que me enviaram e decidi ir, juntamente com a minha colega Helena Angelino, que também se mostrou interessada.

Chegámos ao local por volta das 18.10h. Não se podia dizer que estivesse muita gente, provavelmente por o autor já não se encontrar entre nós, tratando-se assim de um lançamento sem o escritor... Havia somente duas câmaras no local para fotografar o evento.

Como é habitual, na entrada da sala onde se deu o lançamento, estava montada uma banca onde se vendiam alguns exemplares.

Com um ritmo lento, as pessoas entraram na sala e enquanto se sentavam, falavam e cumprimentavam-se, ao passo que eu e a Helena não conhecíamos ninguém como era de esperar.

Em frente do público reunido, estava uma mesa de onde se fez a apresentação do livro. Nela, encontravam-se Zeferino Coelho, editor da Caminho, a jornalista Clara Ferreira Alves, Fernando Gómez Aguilera, que seleccionou os excertos que compõem a obra e os organizou e por fim, Pedro Lamares, o responsável pela leitura de algumas passagens.

O discurso começou com palavras de agradecimento de Zeferino Coelho por Saramago ter depositado a sua confiança na editora Caminho. Carla Ferreira Alves lamentou o estranho que é o escritor não se encontrar entre nós e lembrou que faria 88 anos dia 16 de Novembro. Explicou no que é que consiste a obra e descreveu-a como uma espécie de antologia de frases, palavras e máximas ditas por Saramago ao longo da vida, sobretudo em entrevistas a jornais e revistas. CFA considera que a voz do escritor esclareceu o mundo, Portugal, as pessoas... Salientou que José Saramago era alguém que dizia o que pensava sem rodeios, com clareza e lucidez. Evidenciou a importância de dizer “não”: “A capacidade de ser livre (...) a liberdade moral, intelectual, íntima e colectiva, transmite-se na capacidade de dizer não”.

Seguiu-se Fernando Gómez de Aguilera que destacou a importância do conteúdo da escrita do autor. Utilizou alguns ditos de Saramago para exemplificar, ao dizer que dentro das palavras está o ser humano e que as palavras sem consciência não têm conteúdo. FGA lembra com isto, que Saramago respondia sempre com muita consciência. Referiu, também, um prólogo que o escritor escrevera sobre Quixote, no qual expôs uma teoria muito interessante ao dizer que existem quatro portas para o conhecimento, sendo a primeira destas a curiosidade, a segunda a leitura e o saber, a terceira a imaginação e a quarta a liberdade. Também nos lembrou que as suas personagens estão sempre a caminhar... Podemos constatar isso no Memorial do Convento, na Viagem do Elefante, em Caim... caminham sempre em direcção à liberdade. Esse caminho começa por saber dizer “Não”.

Referiu-se muito o seu humanismo crítico e a prioridade que dava ao ser humano, sendo esta obra exemplo disso mesmo.

Por fim, falou Pedro Lamares, destacado para ler algumas passagens do livro, que me pareceram bem escolhidas porque me deram vontade de o ler, mas claro que o que citou não pôde demonstrar toda a riqueza da obra como ele mesmo o disse. Leu uma passagem que explicava a origem do nome Saramago e outras que apontei e que considerei bonitas e verdadeiras. São algumas delas: “A felicidade é uma invenção para tornar a vida suportável”; “É aterrador o uso que se pode fazer de uma palavra”; “ A obra feita é sempre maior do que quem a fez”; “A nossa única defesa contra a morte é o amor”, entre outras.

No fim da apresentação ouvimos algumas palavras de Pilar del Río que se levantou do público e se dirigiu à mesa. Agradeceu a Pedro a selecção escolhida e deu-nos a conhecer a opinião do marido em relação à crise que assola Portugal. Saramago terá dito que a crise que se diz económica é antes uma crise de moral.

Este lançamento foi muito centrado no autor, tal como o livro o é. Como foi dito na apresentação, embora seja uma obra feita de entrevistas, lembra um ensaio que diz o que devemos ser.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Relatório de um lançamento


No dia quinze de Novembro, pelas seis horas da tarde, no Palácio Galveias, deu-se o lançamento do livro intitulado José Saramago nas Suas Palavras, editado pela Editorial Caminho e coordenado por Fernando Gómez Aguilera, curador da Fundação José Saramago. No hall estavam reunidas pouco mais de cem pessoas, dois fotógrafos e um operador de câmara. A um canto havia uma banca onde o livro estava à venda por vinte e dois euros.

Após todos se sentarem na sala adjacente, Zeferino Coelho, o editor de José Saramago, falou um pouco sobre o escritor e passou rapidamente a palavra a Clara Ferreira Alves. A jornalista disse algumas palavras sobre Saramago - que, se fosse vivo, faria oitenta e oito anos no dia seguinte - contou como conhecera o escritor, disse que, para o Nobel português, o mais importante na vida era a capacidade de ser livre e que o tinha ouvido afirmar que "se calhar, a literatura não tem de servir para nada". Clara Ferreira Alves disse que a dignidade e a capacidade de dizer 'não' eram cruciais para Saramago. A jornalista acrescentiu que, para Saramago, o que nos distinguia era a possibilidade de dizermos o que pensávamos e que o escritor receava perder a língua portuguesa ao mudar-se para Lanzarote.
O interveniente seguinte foi Fernando Gómez Aguilera - editor de Saramago em Espanha. Aguilera falou um pouco do escritor e contou que era na Biblioteca Municipal Central — Palácio Galveias que Saramago mais gostava de estar para ler. Contou que, para Saramago, havia quatro portas para o conhecimento: a curiosidade, a leitura, a imaginação e a liberdade. Revelou que uma das metáforas da sua obra era a viagem. O editor espanhol ouviu Saramago dizer várias vezes para as pessoas não se resignarem, para se indignarem, que o ser humano é que era a prioridade e que a maior de todas as revoluções era a da bondade.
O actor Pedro Lamares leu algumas passagens do livro, referindo que ‘Saramago’ era a alcunha da família - e que o pai de José não gostava - e que o verdadeiro apelido do autor era Sousa. Leu passagens onde o prémio Nobel afirmava que “o único lugar que se habita de facto é a memória”; que “a ética é a mulher mais bonita do universo” e que “a única defesa da humanidade contra a morte era o amor”.

Por último, Pilar Del Río disse algumas palavras sobre Saramago, sobre os seus últimos dias e sobre as últimas reuniões com os amigos na casa de Lanzarote. Com voz trémula, Pilar recordou uma das últimas conversas entre amigos em que Saramago afirmara que a presente crise não é económica, mas sim moral. Após uma salva de palmas dos presentes, o lançamento chegou ao fim.