terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Relatório de um lançamento


No dia quinze de Novembro, pelas seis horas da tarde, no Palácio Galveias, deu-se o lançamento do livro intitulado José Saramago nas Suas Palavras, editado pela Editorial Caminho e coordenado por Fernando Gómez Aguilera, curador da Fundação José Saramago. No hall estavam reunidas pouco mais de cem pessoas, dois fotógrafos e um operador de câmara. A um canto havia uma banca onde o livro estava à venda por vinte e dois euros.

Após todos se sentarem na sala adjacente, Zeferino Coelho, o editor de José Saramago, falou um pouco sobre o escritor e passou rapidamente a palavra a Clara Ferreira Alves. A jornalista disse algumas palavras sobre Saramago - que, se fosse vivo, faria oitenta e oito anos no dia seguinte - contou como conhecera o escritor, disse que, para o Nobel português, o mais importante na vida era a capacidade de ser livre e que o tinha ouvido afirmar que "se calhar, a literatura não tem de servir para nada". Clara Ferreira Alves disse que a dignidade e a capacidade de dizer 'não' eram cruciais para Saramago. A jornalista acrescentiu que, para Saramago, o que nos distinguia era a possibilidade de dizermos o que pensávamos e que o escritor receava perder a língua portuguesa ao mudar-se para Lanzarote.
O interveniente seguinte foi Fernando Gómez Aguilera - editor de Saramago em Espanha. Aguilera falou um pouco do escritor e contou que era na Biblioteca Municipal Central — Palácio Galveias que Saramago mais gostava de estar para ler. Contou que, para Saramago, havia quatro portas para o conhecimento: a curiosidade, a leitura, a imaginação e a liberdade. Revelou que uma das metáforas da sua obra era a viagem. O editor espanhol ouviu Saramago dizer várias vezes para as pessoas não se resignarem, para se indignarem, que o ser humano é que era a prioridade e que a maior de todas as revoluções era a da bondade.
O actor Pedro Lamares leu algumas passagens do livro, referindo que ‘Saramago’ era a alcunha da família - e que o pai de José não gostava - e que o verdadeiro apelido do autor era Sousa. Leu passagens onde o prémio Nobel afirmava que “o único lugar que se habita de facto é a memória”; que “a ética é a mulher mais bonita do universo” e que “a única defesa da humanidade contra a morte era o amor”.

Por último, Pilar Del Río disse algumas palavras sobre Saramago, sobre os seus últimos dias e sobre as últimas reuniões com os amigos na casa de Lanzarote. Com voz trémula, Pilar recordou uma das últimas conversas entre amigos em que Saramago afirmara que a presente crise não é económica, mas sim moral. Após uma salva de palmas dos presentes, o lançamento chegou ao fim.

Sem comentários:

Enviar um comentário