terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Relatório de um lançamento

O livro: António Rodrigues Lobo, Ciência em Lisboa Seiscentista. O “Tratado Breve das Machinas Hydraulicas” de Giovanni Paolo Lembo, Faro, Levante Editora, 2010.

Faro, Livraria Mar de Letras, 11 de Dezembro, 18.30

Passavam já alguns minutos da hora marcada e o espaço reservado para o lançamento, ao fundo da livraria, ainda estava quase vazio. Algumas pessoas vagueavam pela livraria, poucas tinham ocupado as não muito numerosas cadeiras. A mesa onde iria decorrer a apresentação do livro mantinha-se vazia. Ao lado, três homens falavam animadamente e, de vez em quando, eram interpelados por alguém, trocando cumprimentos. Um deles era o autor.
Enquanto aguardava, fui desfolhar o livro. Tinham-no colocado, em destaque, sobre duas mesas, uma junto à caixa, outra por detrás dos lugares da assistência. Entretanto, continuava a chegar gente. A sala começou a ficar composta e, eu própria, tomei o meu lugar. Entre o público, reconheci algumas caras – dois professores da Universidade do Algarve, alguns funcionários da autarquia, um jornalista de um periódico local. No total, estariam 40, 50 pessoas, no máximo.
Já não faltaria muito para as 19 horas quando o lançamento começou. O responsável pela livraria fez as honras da casa, agradecendo a presença de todos e a escolha da Mar de Letras para a apresentação do livro. Terminou convidando os presentes para um outro evento (uma exposição de fotografia) que se realizaria ali dois dias depois. Feito o convite, passou a palavra ao editor, Francisco de Mascarenhas. Numa intervenção igualmente curta, salientou o interesse da obra e mencionou a sua relação com o autor (“um velho amigo”). “Não editamos livros, editamos pessoas” – disse. Seguiu-se o autor, o Eng. António Rodrigues Lobo. Depois de agradecer a quem o ajudou na concretização do livro, passou a especificar os objectivos da obra: a divulgação de um tratado inédito da autoria de Giovanni Paolo Lembo, um jesuíta napolitano que, no século XVII, se estabeleceu em Lisboa. “É apenas o contributo de um amador da História” – concluiu. O editor replicou – “Amador, não. Um amante da História!” (seja lá o que isso for...), interjeição que colheu alguns sorrisos de circunstância por parte do público.
O lançamento continuou com a intervenção do Prof. Giovanni Manzoni, da Universidade de Pisa, convidado para apresentar o livro. Desculpou-se pelo seu mau português (que não era assim tão mau...) e por, devido a tal, ser obrigado a ler a comunicação. Ficámos a saber que, também ele, é um amigo pessoal do autor e foi o responsável pelo prefácio. Conhecia o Eng. Rodrigues Lobo desde há alguns anos, quando ele esteve em Itália a pesquisar para o dito trabalho. As aventuras e desventuras da investigação historiográfica em Pisa não suscitaram o interesse do público. O alongar da palestra do Prof. Manzoni por mais de três quartos de hora também não ajudou. Resumindo: o Padre Lembo, matemático e astrónomo, foi professor no Colégio de Santo Antão e, por essa altura, compôs uma série de tratados, entre os quais o tal “Tratado de Máquinas Hidráulicas”, divulgado agora pelo Eng. Rodrigues Lobo. Lembo desenhara uma série de gadgets barrocos: bombas de água, relógios de água, sinos de mergulho e um conjunto de engenhos destinados a animar festas como, por exemplo, um vaso que se encheria de vinho sempre que alguém se servisse dele (muito bíblico!), pelo qual o Prof. Manzoni mostrou especial afeição. A palestra terminou e seguiram-se os autógrafos. Não foi servido porto de honra. Depois de tantas máquinas hidráulicas, ficámos a seco.
Carla Vieira

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