quarta-feira, 16 de março de 2011

A versão da Mariana e da Isabel

Estúpido
É o que os putos hoje chamam de erva E isso espalha
dos seus lábios como nuvens. Ele espera que ninguém
venha à noite, ou lhe ligue pedindo ajuda.
Ajuda, é o que ele tem mais em falta, esta noite.
Uma tempestade rebenta lá fora. Mares agitados
com ventos fortes vindos de oeste. A mesa onde ele
se senta tem, dizem, dois cúbitos de comprimento e um de largura.
A escuridão do quarto abunda a introspecção.
Pode ser que ele escreva um romance de aventuras. Ou
uma história para crianças. Uma peça para duas personagens femininas,
uma delas cega. O assassino deve aparecer de dentro
do rio. Uma das coisas que ele irá aprender
é a amarrar os próprios cadarços. Talvez ele deva mandar
mais dinheiro a cada um dos membros
sobreviventes da sua família. Aqueles que já esperam algo
no correio, no primeiro no correio de cada mês.
Cada vez que eles lhe escrevem, dizem-lhe
que estão apertados. Ele conta pelos dedos
e percebe que estão todos a sobreviver. Qual é o mal
se ele preferir ser lembrado nos sonhos de estranhos?
Ele ergue seus olhos para as clarabóia onde a chuva
martela. Passado algum tempo ―
quem sabe quanto? ― os seus olhos pedem
para serem fechados. E ele fecha-os.
Mas a chuva continua a martelar. Será isto um temporal?
Deveria ele fazer algo? Assegurar a casa
de alguma forma? O tio Bo ficou casado com a tia Ruby durante 47 anos. Então enforcou-se.
Ele abre os olhos outra vez. Nada a acrescentar.
Tudo se acumula. Quanto tempo vai durar esta tempestade?

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