quarta-feira, 16 de março de 2011

A versão da Ana Carina e da Andreia

Tradução do Poema “Stupid”, de Raymond Carver
Estúpido/Estupidez
“O que os jovens hoje em dia chamam de erva.
À deriva, como nuvens que se escapam dos seus lábios.
Que ninguém apareça esta noite, ou telefone a pedir ajuda.
Porque ajuda é o que ele menos pode oferecer esta noite.
Uma tempestade ruge lá fora. Mares revoltos e ventos tempestuosos do oeste.
A mesa onde ele se senta é de noventa de comprimento, por quarenta e cinco de largura.
Na escuridão do quarto, reina a reflexão.
Talvez ele escreva um livro de aventuras. Ou uma história para crianças. Ou uma peça
para duas personagens femininas, uma das quais é cega.
O degolador deverá entrar no rio.
O que ele fará será aprender a lançar o seu próprio isco.
Poderia enviar um pouco mais de dinheiro a cada um dos seus parentes ainda vivos.
Àqueles que já esperam algo mais no correio no início de cada mês.
Sempre que lhe escrevem, dizem que se está a acabar.
Ele conta as cabeças pelos dedos e apercebe-se de que ainda estão vivos.
E se ele preferir ser recordado nos sonhos dos desconhecidos?
Ele levanta os olhos para a clarabóia, onde a chuva martela.
Depois de um momento – quem sabe quanto? - os olhos rogam para se fechar. E ele fecha-os.
Mas a chuva continua a martelar. Será um temporal?
Deverá ele fazer alguma coisa? Proteger, de alguma forma, a casa?
O Tio Bo esteve casado com a tia Ruby durante 47 anos. Depois, enforcou-se.
Abriu os olhos outra vez. Nada faz sentido. Tudo faz sentido.
Quando passará a tempestade?”

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